O presidente da Fifa, Joseph Blatter, durante entrevista, em Zurique |
Em cruzada para limpar a imagem da Fifa, o presidente Joseph Blatter prometeu na sexta-feira reabrir o caso ISL (International Sports and Leisure), em que houve propinas recebidas por cartolas da entidade.
É o maior escândalo de corrupção da organização máxima do futebol. A promessa dele, no entanto, não é uma garantia de que se tornarão públicos os nomes dos subornados. A ameaça de mexer no caso atinge o presidente do COL (Comitê Organizador Local) da Copa-2014, Ricardo Teixeira, que, segundo a BBC, recebeu propinas.
Afeta o ex-presidente da Fifa João Havelange. E pode opor o comitê da Copa ao presidente da Fifa. Outros membros do Comitê Executivo podem ser afetados. Só que esse foi o único trunfo de Blatter para mostrar estar engajado em uma luta contra a corrupção.
"É um dossiê complexo [o da ISL]. É complicado, com repercussões legais. O Comitê Executivo, por meu pedido, concordou que em dezembro nós vamos abrir esse arquivo", disse o cartola.
Segundo o dirigente, os documentos serão entregues para uma auditoria após 17 de dezembro, na próxima reunião do Comitê Executivo da Fifa. Na mesma data, eles se tornariam públicos.
A questão é que o processo da ISL foi encerrado em 2010, com sigilo na Justiça suíça. Concluiu-se que US$ 100 milhões foram pagos em subornos a dirigentes, mas seus nomes não foram revelados após eles pagarem multas.
O advogado e jornalista Jan François Tanda entrou com uma ação para pedir a revelação dos documentos. Mas a Fifa e dois dirigentes, descritos como Y e Z, lutam para impedir a publicação. Outros processos foram abertos por jornais e TVs.
"Se a Fifa quiser, é só desistir do processo que ele se torna em parte público", explicou Tanda. "Tem que saber se as outras partes também vão desistir do sigilo". Se os dois cartolas mantiverem a luta pelo sigilo, a Justiça suíça terá de decidir o que se torna público, explicou Tanda.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no Rio, em julho de 2011 |
E os nomes deles podem continuar anônimos. Até agora, os procuradores suíços concordaram, por duas vezes, em liberar os documentos. Mas os dirigentes recorreram, e o caso deve ir a cortes inferiores e superiores.
E os membros do Comitê Executivo não se manifestaram claramente a favor da liberação dos documentos. Até porque Blatter não colocou a questão em votação. "Não botei em voto, mas ninguém se manifestou contra", disse ele.
Na reunião, estavam Teixeira e o presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, outro possível implicado no caso. A assessoria do presidente do COL e da CBF não respondeu às ligações da Folha.
Folha.com
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