TRÍPOLI - Líbios ao redor do mundo comemoraram nesta quinta-feira a morte do ex-ditador Muamar Kadafi . Organizações e líderes internacionais também comentaram o fim da luta contra o regime de 42 anos do ex-líder, garantindo o comprometimento com a reconstrução do país e afirmando que a morte do ditador é uma oportunidade um futuro democrático na Líbia. Leia abaixo as declarações.
Venezuela
O presidente venezuelano Hugo Chávez classificou como lamentável a morte de Kadafi, a quem chamou de amigo:
- Devemos lembrar Kadafi por todas nossas vidas como um grande combatente, um revolucionário e um mártir. Eles assassinaram ele. Isso é mais um escândalo.
Estados Unidos
Em um breve comunicado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou a morte de Kadafi, cumprimentou os líbios e disse que o fato "marca o fim de um longo e doloroso capítulo da Líbia". O democrata assegurou que está comprometido com a construção de uma democracia estável no país e pediu por uma transição estável até as primeiras eleições no país. Para Obama, morte de Kadafi representa uma oportunidade para Líbia "determinar seu próprio destino", após 42 anos sob a mão de ferro de Kadafi.
- Será uma longa estrada, não vamos nos iludir. Os EUA, junto com a comunidade internacional, estão comprometidos com o povo líbio. Vocês ganharam uma revolução - disse o presidente. - Serão dias difíceis, mas de esperança.
O presidente ainda pediu ao povo líbio que tome conta das armas perigosas que foram usadas na luta contra a ditadura de Kadafi e que respeitem os direitos humanos.
Mais cedo, o vice-presidente Joe Biden e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também comentaram o episódio desta manhã, sempre destacando o futuro democrático da Líbia. Em visita oficial ao Paquistão, Hillary, que esteve na Líbia nesta terça-feira, disse que a morte de Kadafi é uma oportunidade "de seguir em frente para o futuro". Já Biden disse que os EUA fizeram a coisa certa ao apoiar o movimento insurgente, em março passado.
Europa
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, foi um dos primeiros aliados estrangeiros do Conselho Nacional de Transição (CNT) a se pronunciar sobre a morte de Kadafi nesta manhã. Em Londres, o premier disse que "hoje é um dia para lembrar de todas as vítimas de Kadafi".
- O povo da Líbia tem hoje uma grande oportunidade de construir, eles mesmo, um futuro forte e democrático - disse Cameron.
Além de Cameron, o presidente francês Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã Angela Merkel reforçaram o coro por uma Líbia democrática pós-Kadafi. Merkel disse que morte de ditador significa "caminho livre para a paz". Sarkozy, que é um dos principais aliados internacionais do CNT ao lado do premier britânico, também não fugiu muito da linha pela democracia.
- A libertação de Sirta deve ser um sinal do começo do processo acordado pelo CNT para estabelecer um sistema democrático em que todos os grupos do país sejam representados e as liberdades fundamentais sejam garantidas - disse o francês.
Em comunicado conjunto, Herman van Rompuy e José Manuel Barroso, presidentes do Conselho Europeu e a Comissão Europeia respectivamente, afirmaram que a morte de Kadafi "marca o fim de uma era de despotismo e repressão".
"A Líbia pode hoje virar uma página de sua história e começar um novo futuro democrático", escreveram os órgãos europeus.
Otan
A Otan, aliança que coordena a ação estrangeira na Líbia, disse que vai coordenar o fim da missão no país junto com as Nações Unidas e o Conselho Nacional de Transição. A organização pediu que os líbios ponham de lado suas diferenças na reconstrução do país sem o ditador Muamar Kadafi.
"Peço ao CNT que evite qualquer repressão contra civis e que mostre limites ao negociar com as forças pró-Kadafi derrotadas. A Otan e nossos parceiros implementaram uma resolução histórica da ONU para proteger o povo líbio", escreveu em comunicado o secretário-geral Anders Fogh Rasmussen.
Canadá
Stephen Harper, primeiro-ministro do Canadá, país que participa da ofensiva na Líbia, disse que deve começar a retirada das tropas do país dentro de poucos dias. Segundo Harper, o governo canadense deve se encontrar com outros membros da aliança para determinar uma saída rápida para a ofensiva militar na Líbia. Um membro do governo, que não quis se identificar, disse que o Canadá deve acabar a missão dentro de duas semanas.
Liga Árabe
O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arab, pediu para o povo líbio "esquecer as feridas do passado e olhar para o futuro" para atingir "unidade e paz" depois da morte de Kadafi.
Organizações de direitos humanos
A Anistia Internacional também se manifestou nesta quinta-feira, pedindo justiça para todos os envolvidos nos casos de desrespeito de direitos humanos durante o regime de Kadafi. Não se sabe ao certo quantos civis morreram durante seu governo nem durante o levante popular que levou à queda do ditador, mas soldados do CNT encontraram recentemente valas comuns com mais de mil corpos de supostos opositores de Kadafi executados.
- A morte de Muamar Kadafi não deve impedir que suas vítimas na Líbia de ver a justiça sendo feita. Muitas autoridades líbias são suspeitas de graves violações de direitos humanos cometidos neste ano e em momentos anteriores, incluindo o infame massacra na prisão de Abu Salim, em 1996, e elas devem responder por seus crimes - disse Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretor para Norte da África e Oriente Médio da Anistia.
Já o Human Rights Watch exigiu que o CNT realize uma autopsia supervisionada no corpo de Kadafi para esclarecer as causa da morte do ditador, cujos detalhes ainda não foram muito bem esclarecidos.
FMI e Banco Mundial
Membros do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial que estiveram semana passada no país afirmaram que devem retornar a Trípoli dentro de alguns dias. Segundo o porta-voz do FMI, o objetivo e fornecer ajuda ao país em reconstrução. A União Africana também anunciou que vai levantar a suspensão à Líbia e afirmou que o novo governo do país já pode assumir a cadeira de Trípoli na organização.
O globo
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