A exemplo do que sucedera no mensalão, o escândalo do petrolão é marcado por uma excentricidade: a acefalia. Na Era petista, a corrupção é acéfala. A máfia não tem capo. Lula, como se sabe, reivindica o papel de cego atoleimado. Nunca sabe de nada. Preso por ordem do juiz Sérgio Moro, José Dirceu emerge novamente como candidato a chefe da perversão. No escândalo anterior, isso pareceu pouco. No atual, parece pouquíssimo. Dirceu tem cara de subchefe. Consideradas as dimensões da pilhagem, não passa de um pixuleco mandado.
Por sorte, os investigadores da Lava Jato ainda não entregaram os pontos. Escalado para falar sobre a nova fase da operação, batizada de Pixuleco, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse: “Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema.'' O uso do plural reclama a apresentação de pelo menos mais um rosto.
“Isso passou pelo mensalão, passou pela investigação do caso, passou pela prisão [de Dirceu] e perdurou apesar da movimentação da máquina do STF e do Judiciário'', prosseguiu o doutor. De novo, a petulância da reincidência e o desprezo às instituições são indícios eloquentes da existência de ordens superiores ao comando de Dirceu.
“Durante o período em que foi ministro da Casa Civil, ele permitiu que esse esquema existisse e se beneficiou dele'', disse o procurador. “Ele é uma das pessoas que decidiram pela criação desse esquema. O DNA, como afirmou o ministro Gilmar Mendes, é o mesmo do mensalão.'' Quem permitiu que Dirceu permitisse a existência da roubalheira?, eis a pergunta que os brasileiros fazem aos seus botões desde o mensalão.
Perguntou-se claramente ao procurador se Lula pode ser preso. E ele: “Não existe possibilidade real.'' Deixou claro, porém, que a força-tarefa da Lava Jato não se exime de perscrutar todas as possibilidades. Os investigadores olham para o alto: “Temos uma ideia boa e clara de onde podemos chegar, mas isso é fato sigiloso'', disse. Torça-se para que a Lava Jato chegue longe. O Brasil merece conhecer em detalhes o que se passou acima de José Dirceu.
Josias de Souza
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