Militares e bombeiros estão acampados desde a semana passada
SÃO LUIS - Depois da Polícia Militar, bombeiros e delegados, os agentes da Polícia Civil do Maranhão decidiram entrar em greve na noite desta segunda-feira, agravando ainda mais o problema da segurança no estado. Ainda durante a noite os agentes saíram em passeata e ocuparam a sede da Assembleia Legislativa, onde os militares e bombeiros estão acampados desde a última quarta-feira. Por conta disso, as atividades da Casa foram suspensas.
Com a decretação da greve dos policiais civis e a manutenção do movimento dos policiais militares e bombeiros, a governadora Roseana Sarney (PMDB) conseguiu o reforço de mais mil soldados do Exército, dois blindados Urutu e dois helicópteros Pantera para fazer o policiamento das principais cidades do estado.
Com o reforço chega a mais de dois mil os homens do Exército e Força Nacional em atividade no Maranhão. Na capital São Luís o clima é de aparente tranquilidade e sem qualquer alteração significativa nos índices de violência, normalmente registrados.
Pela manhã um comerciante da Jordoa, um bairro popular da cidade, reagiu a tiros a uma tentativa de assalto e matou os dois ladrões que tentaram invadir o seu estabelecimento.
A população tenta manter a rotina, mas evita sair de casa principalmente no período da noite e se mostra desconfiada com capacidade do Exército em substituir a Polícia Militar.
- Eu não confio neles, e por isso não saio de casa, pois várias amigas minhas foram testemunhas de tentativas de arrastões no centro da cidade – disse a professora, Ediene Lima, 29 anos, que de licença maternidade não é obrigada a dar aulas.
O clima de insegurança também levou o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, a suspender os trabalhos administrativos e legislativos da Casa até que seja solucionado o impasse e os militares desmontem o acampamento armado na sede do Legislativo.
- Não temos garantia de segurança para a realização dos trabalhos – explicou o deputado Eduardo Braide (PMN), líder do bloco União Democrática, que faz parte da base de apoio da governadora Roseana Sarney.
A decisão de Melo gerou um crise interna no Legislativo com a pequena bancada de oposição, que considerou uma intervenção da governadora para impedir que os deputados de oposição expusessem para a sociedade a sua falta de tato em lidar com o problema dos policiais.
- Ele foi ordenado pelo Governo do Estado, e mais uma vez submete esta Casa à vontade da governadora – reagiu o líder da oposição, deputado Marcelo Tavares (PSB).
- Não vejo clima de insegurança. É um movimento ordeiro e não há nada que justifique essa decisão – completou.
Na segunda-feira, o presidente Arnaldo Melo ainda se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça, Jamil Gedeon, e a procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos, para tentar sem sucesso um acordo com os grevistas.
Em nota oficial divulgada esta manhã, eles disseram que se prestaram como avalistas do compromisso anunciado pelo governo de retomar as negociações salariais com as categorias tão logo fosse cessada a greve considerada ilegal pela Justiça.
“Lamentamos, pois, a intransigência dos que, conscientemente, ferem um direito constitucional de cada cidadão. Não é por falta de esclarecimentos de quem opera a lei que eles permanecem na ilegalidade”, diz a nota.
Questionado se isso significava a possibilidade da Assembleia requer à Justiça a reintegração de posse, Melo disse que ainda era prematuro para se tratar sobre esse assunto.
Em outra reunião e realizada pelo Alto Comando da Polícia Militar, 23 coronéis assinaram outra nota avisando que iriam abrir a partir de hoje processo de expulsão dos militares em greve.
Os policiais militares e bombeiros até o momento recusaram todas as tentativas de acordo proposto pelo governo por passar pelo fim da greve.
- Não podemos mais confiar neles. No último dia 8 paramos nosso movimento por 15 dias com a promessa feita pelo líder do governo na Assembleia, deputado Manoel Ribeiro, de que tudo seria resolvido, e nada foi feito – avisou o soldado Leite, um dos líderes do movimento.
Os policiais civis entraram em greve reivindicando a implantação do Plano de Cargo, Carreira e Remuneração elaborado em 2008 e não implantado até hoje pelo governo do Estado. A categoria também reivindica a reposição da Unidade Real de Valor (URV) em igualdade com o que já foi feito com os delegados, promotores e juízes.
Os agentes mantem 30% do efetivo nas delegacias para registrar crimes contra a honra e contra a vida, como homicídios e estupros.
- O governo não quer negociar. Ele só recebe a Beija Flor, mas não recebe os trabalhadores – protestou Amon Jessen, presidente do Sindicato dos Policiais Civis, em referência ao apoio que a governadora Roseana Sarney dá a escola de samba carioca, que no carnaval de 2012 faz uma homenagem a São Luís.
No final da tarde, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão divulgou uma nota avisando que não foi comunicada da greve dos agentes 72 horas antes como exige a lei e que o clima nas delegacias é de normalidade.
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