Roseana Sarney: para ela, a Justiça é lenta |
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
prepara-se para julgar neste ano os pedidos de cassação de mandato de
governadores. Dos 27 eleitos, a Corte eleitoral recebeu ações para
cassar o mandato de 12 deles – quase a metade dos diplomados em 2010.
Nas ações contra os governadores do Amazonas, Omar Aziz (PSD), do Acre,
Tião Viana (PT), e de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), a
vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau proferiu duros pareceres,
pedindo a cassação dos mandatos.
Concluída a maior parte dos processos relativos às eleições municipais, o
TSE agora volta os olhos para os governadores. Foi assim em relação ao
pleito anterior. Quando os governadores eleitos em 2006 completavam a
metade dos mandatos, o tribunal deflagrou os processos de cassação
daqueles que haviam cometido crimes eleitorais, como compra de votos e
abuso de poder.
Em novembro de 2008,
o TSE cassou o então governador da Paraíba e hoje senador, Cássio Cunha
Lima (PSDB). Já em março de 2009, decretou a perda de mandato do
governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT). Três meses depois, foi a vez
do governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB).
Maranhão –
Com Jackson Lago apeado do cargo pelo TSE em ação movida por ela, a
então senadora Roseana Sarney (PMDB) assumiu o governo do Maranhão em
2009, com 21 meses de mandato restantes. Acabou reeleita em 2010, com o
apoio de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, para mais um
mandato (2011-2014), desta vez integral.
Agora, entretanto, Roseana que foi algoz, transformou-se em acusada em
duas ações em tramitação no TSE para cassar o seu mandato, ambas sob
relatoria do ministro Arnaldo Versiani. No processo que está mais
adiantado, movido pelo ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB),
Roseana responde às acusações de abuso de poder político e econômico na
campanha eleitoral. A ação aguarda parecer do procurador-geral
eleitoral, Roberto Gurgel, há cinco meses.
Amazonas, Acre e Roraima
– Na ação que o Ministério Público Federal move contra o governador do
Amazonas, Omar Aziz, e o vice José Melo de Oliveira, a vice-procuradora
Sandra Cureau pediu a cassação de ambos por abuso de poder político e
econômico na campanha eleitoral. Pelas provas reunidas nos autos, ela
viu “excesso de publicidade institucional no período imediatamente
anterior ao início da campanha”, “promoção pessoal (do governador, que
foi reeleito) evidenciada” e campanha antecipada.
Ela também chama a atenção para inaugurações de obras públicas em larga
escala nos meses entre a posse do governador e o início do período
vedado para campanha, e a entrega de 22 mil notebooks a professores
poucos dias antes do período eleitoral. O caso aguarda o voto do
relator, ministro Dias Toffoli.
Na
ação movida pelo Ministério Público contra o governador do Acre, Tião
Viana, o vice-governador Carlos Cesar Messias, e o senador Jorge Viana
(PT), a vice-procuradora eleitoral pede a cassação de todos, pelo uso
indevido dos meios de comunicação social, por abuso de poder político e
econômico. No parecer, ela destaca a “gravidade das condutas, com
potencial lesivo ao pleito eleitoral”. O relator do caso é o ministro
Marco Aurélio Mello.
E no processo
contra o governador de Roraima, Anchieta Júnior, Sandra Cureau aponta
abuso de poder e uso indevido de veículos de comunicação social na
campanha. Ela destaca a utilização indevida de quatro veículos de
comunicação social, que eram de propriedade ou ligados a
correligionários do então candidato durante a campanha. Alega
“desobediência” a ordens judiciais que determinaram ao tucano que
suspendesse a propaganda ilegal.
Rio de Janeiro
– Se depender do Ministério Público Eleitoral, o governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), completa o mandato. A vice-procuradora
eleitoral não viu indícios de irregularidade suficientes para cassá-lo e
recomendou, em seu parecer, que ele seja mantido no cargo.
Os outros governadores em julgamento no TSE, mas cujos processos estão
mais atrasados, ainda aguardando parecer da Procuradoria Geral
Eleitoral, são: Antonio Anastasia (PSDB), de Minas Gerais; Teotônio
Vilela (PSDB), de Alagoas; Siqueira Campos (PSDB), do Tocantins; Cid
Gomes (PSB), do Ceará; Wilson Martins (PSB), do Piauí; e André
Puccinelli (PMDB), do Mato Grosso do Sul. Em 2011, o TSE analisou apenas
um processo contra governador, tendo como alvo a chefe do Executivo no
Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), que foi mantida no cargo. (Do blog do João Bosco Rabello, no Estadão Online)
Jornal Pequeno
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