O Vasco acabou com a concentração antes dos jogos realizados no Rio de
Janeiro. Mantida sob sigilo, a medida foi adotada no início do mês e
começou a ser divulgada nos bastidores de São Januário durante o último
final de semana. Ao contrário do ocorrido em janeiro de 2012, quando os
jogadores boicotaram o regime por conta dos salários atrasados, a
estratégia desta vez não teve motivação financeira e foi definida após
reunião entre dirigentes e comissão técnica. O elenco recebeu o alerta
contra excessos na véspera das partidas para que não seja necessário
retomar o procedimento anterior.
O diretor executivo Ricardo Gomes e o técnico Dorival Júnior são os
principais entusiastas do novo modelo. Ambos trabalham em cima da
"filosofia europeia" envolvendo o polêmico tema. A presença de Juninho,
veterano que passou anos no Velho Continente, também é importante na
adaptação dos mais jovens ao processo.
"O
retorno do camisa 8 ao Vasco após passagem frustrada pelo futebol
norte-americano se mostrou aposta acertada logo no primeiro jogo, quando
Juninho marcou gol em clássico contra o Fluminense. A equipe é muito
dependente do atleta: todas as bolas passam por ele no meio-campo e as
jogadas de bola parada sempre têm dono".
Atualmente, o elenco se apresenta apenas ao meio-dia nos dias de jogos
realizados no Rio de Janeiro. Os atletas almoçam e descansam em seus
quartos antes da saída para o estádio. Apesar de não ter relação com os
salários atrasados, atualmente em dois meses, a decisão beneficia o
clube financeiramente, já que pelo menos 30 diárias da véspera não
precisam ser pagas em um hotel na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.
A tendência é que a filosofia seja mantida no Cruzmaltino mesmo com a
ocorrência de resultados adversos. Desde que a medida foi adotada, o
time perdeu para Botafogo e Grêmio e empatou com a Ponte Preta. A
permanência está ligada diretamente à conduta dos atletas na sequência
da temporada.
"Não fizemos por questões financeiras. O Dorival acha a concentração
desprezível e optamos por adotar a medida. A tendência é que continue
dessa forma. É lógico que os jogadores precisam ter senso de
profissionalismo para que tudo dê certo. É importante observar o
processo com atenção", explicou Ricardo Gomes.
O Vasco mantém a concentração apenas nas viagens, já que não tem como
fazer diferente pelo calendário. No entanto, a comissão técnica tenta
sempre que possível permanecer o menor tempo possível longe do Rio de
Janeiro para evitar o desgaste dos atletas e melhorar o rendimento
dentro das quatro linhas.
O fim da concentração aparenta ser uma tendência definitiva no futebol
carioca. Com o passar do tempo, os clubes tentam se adaptar ao modelo já
utilizado em outros países. No Rio de Janeiro, o Botafogo não se
concentra há pelo menos oito meses. Porém, a situação foi motivada pelos
atrasos salariais. Por outro lado, a diretoria percebeu a consciência
do grupo para administrar a questão.
Uol
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