CONSCIÊNCIA NEGRA
A lei N.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro
no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da
Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre
História e Cultura Afro-Brasileira. Com isso, professores devem inserir
em seus programas aulas sobre os seguintes temas: História da África e
dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o
negro na formação da sociedade nacional.
Com a implementação dessa lei, o governo brasileiro espera contribuir
para o resgate das contribuição dos povos negros nas áreas social,
econômica e política ao longo da história do país.
A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi
- líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra
Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou
com o início da destruição do quilombo Palmares.
Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma
forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura
histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na
luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.
Porém, hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espelham
desigualdades entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Por
isso, é importante conhecermos algumas informações sobre o assunto.
História do Dia Nacional da Consciência Negra
Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de
janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste
dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem
histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do
Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua
comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema
escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana
aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela
liberdade do seu povo.
Importância da Data
A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de
conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo
africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos
colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos,
sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos
comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais,
valorizando a cultura afro-brasileira.
A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os
negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças
advindas da escravidão.
Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens
históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido
construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores,
navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre
considerados hérois nacionais. Agora temos a valorização de um líder
negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens
históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por
nossa história. Passos importantes estão sendo tomados neste sentido,
pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e
conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura
afro-brasileira.
Zumbi dos Palmares, o maior ícone
da resistência negra ao escravismo
no Brasil
Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data -
transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro
Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a
Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência
negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.
O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40
escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em
pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se
tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos
ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de
palmeiras.
Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos
foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O
mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede
administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o
primeiro rei do Quilombo dos Palmares.
Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi
invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive
crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e
entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife.
O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e
educado pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe
dar noções de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o
menino era coroinha. Entretanto, a população local não aprovava a
atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não como servo.
Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se
conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E
sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos
engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos, o
franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o
Quilombo dos Palmares.
Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da
Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um
novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados
pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem.
Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de
ministro de guerra nos dias de hoje.
Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de
paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a
luta pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do
Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante Domingos
Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do
massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.
Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus
principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela
revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e capturado. Jorge
Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça até a praça do
Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta por anos seguidos até
sua completa decomposição.
“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto Vivo”. Seja qual for
a tradução correta do nome Zumbi, o seu significado para a história do
Brasil e para o movimento negro é praticamente unânime: Zumbi dos
Palmares é o maior ícone da resistência negra ao escravismo e de sua
luta por liberdade. Os anos foram passando, mas o sonho de Zumbi
permanece e sua história é contada com orgulho pelos habitantes da
região onde o negro-rei pregou a liberdade.
História dos quilombos
No período de escravidão no Brasil (séculos XVII e XVIII), os negros que
conseguiam fugir se refugiavam com outros em igual situação em locais
bem escondidos e fortificados no meio das matas. Estes locais eram
conhecidos como quilombos. Nestas comunidades, eles viviam de acordo com
sua cultura africana, plantando e produzindo em comunidade. Na época
colonial, o Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas,
principalmente, pelos atuais estados da Bahia, Pernambuco, Goiás, Mato
Grosso, Minas Gerais e Alagoas.
Na ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos holandeses (1630),
muitos dos senhores de engenho acabaram por abandonar suas terras. Este
fato beneficiou a fuga de um grande número de escravos. Estes, após
fugirem, buscaram abrigo no Quilombo dos Palmares, localizado em
Alagoas.
Esse fato propiciou o crescimento do Quilombo dos Palmares. No ano de
1670, este já abrigava em torno de 50 mil escravos. Estes, também
conhecidos como quilombolas, costumavam pegar alimentos às escondidas
das plantações e dos engenhos existentes em regiões próximas; situação
que incomodava os habitantes.
Esta situação fez com que os quilombolas fossem combatidos tanto pelos
holandeses (primeiros a combatê-los) quanto pelo governo de Pernambuco,
sendo que este último contou com os serviços do bandeirante Domingos
Jorge Velho.
A luta contra os negros de Palmares durou por volta de cinco anos;
contudo, apesar de todo o empenho e determinação dos negros chefiados
por Zumbi, eles, por fim, foram derrotados.
Os quilombos representaram uma das formas de resistência e combate à
escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a
liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de
viver que deixaram na África e contribuindo para a formação da cultura
afro-brasileira.
no Brasil
Pesquisa feita em “Consciênciapura”
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